
Por que cantam as cigarras
Gil Bertho Lopes
Naquele entardecer de domingo
Brilhava no mar o astro dourado
Um raio de luz clara...
O sol constante...
O sol queimava e o canto da cigarra aturdia
Um canto perdido entre o arvoredo da velha casa da praia
A cigarra em campo aberto, feliz com a vizinhança do mar
Onde eu costumava entreter-me de manhã à noite
De quando em quando, levantava a mãozinha enluvada para esfregar os olhos
Um olho celeste-aveludado que piscava com doçura
Sentindo minha presença, silencia
A visitante deslocando-se para um galho mais alto
Insistia em falar de si começando um novo chiado
Desta vez mais estridente
Uma beleza que se encerra para a festa permanente dos sentidos
Todos os dias, ao entardecer, lá estava
No vazio deslumbrante
Da longa e fadigante tarde de verão
O contínuo e ininterrupto estridular das cigarras.
Nenhum comentário:
Postar um comentário